Em texto bastante conciso, Pascal em O Evangelho Segundo o Espiritismo (item 12 do capítulo XI), nos dá a perfeita noção de como estamos, ainda atrasados em nossa evolução moral e mesmo intelectual.
Começa por indicar que “se os homens se amassem reciprocamente, a caridade seria melhor praticada”. Essa afirmação tem um significado muito importante para nós Espíritas, pois a regra básica do viver encarnado é a orientação contida no capítulo 15, de O Evangelho segundo o Espiritismo, que já a partir do título "FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO", Kardec a evidencia com sua costumeira lógica.
A prática da caridade independe da crença religiosa. Depende apenas de ATITUDE, COMPORTAMENTO. É a mudança da forma de atender aos preceitos humanos, saindo do objetivo apenas material, ou seja, a busca incessante e continuada de conforto e riquezas (acumulação de bens materiais), sem pensar no próximo um instante sequer.
O amor recíproco a que se refere Pascal, é o amor entre as pessoas, respeitando-se as diferenças físicas, intelectuais, morais, sociais, de formação escolar. Apenas exercer amor, quiçá atendendo uma necessidade material de alguém que passa por uma dificuldade momentânea. Conversar, ouvindo mais do que falando, com alguém que tenha necessidade de desabafar, contar suas mágoas para aliviar o coração e a mente, para sentir-se confortado por encontrar alguém que o ouça; aliviar-se mentalmente para desobstruir a capacidade de reação, que pelo desespero pode achar-se tolhida, sem ver a saída, a qual muitas vezes, senão todas, está ali, ao lado da pessoa, mentalmente falando.
Pascal prossegue em sua dissertação observando que a pessoa mais evoluída que passou pela Terra, não deixava de atender ninguém, fosse lá quem fosse, desde a prostitua até o mendigo. A todos deu atenção e ajudou, alguns curando-os, outros consolando-os, mas todos atendidos em suas necessidades maiores.
Ainda, algumas linhas abaixo, nos lembra incisivo - “Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria, mas se apagaria envergonhado; ele se esconderia, porque em toda parte se sentiria deslocado. Então o mal desapareceria; compenetrai-vos disso.” E nos convida a sermos exemplos, sendo “caridosos para com todos, indistintamente”. Até, senão principalmente, para com aqueles que nos “olham com desdém”. Aconselha-nos nesse caso, deixarmos a Deus o cuidado com eles, pois diuturnamente Deus separa em seu reino o joio do trigo, fazendo pois, seus julgamentos também diuturnamente.
Na sequência identifica quais são os empecilhos à prática constante da caridade (egoísmo e orgulho), e ressalta “sem a caridade não temos a tranquilidade social, não há segurança. Com o egoísmo e o orgulho – consequente imediato do egoísmo – que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável aos mais espertos, uma luta de interesses, em que as mais santas afeições são calcadas aos pés, em que nem mesmo os sagrados laços da família são respeitados”.
Podemos observar ainda que coube ao Espiritismo como cristianismo redivivo, a divulgação, ensinamento e orientação sobre a espiritualidade e sua realidade. E a nós Espíritas, cabe o dever de completar a obra do cristianismo, não atingida nesses dois milênios, exatamente pelo nosso egoísmo.
É pois, nossa obrigação como Espíritas-cristãos, mudarmos radicalmente nosso comportamento, impondo-nos a prática da caridade para com todos, pois é apenas dessa forma que conseguiremos que o mundo seja melhor. Pela melhora de cada um de seus habitantes.
Achilles Romanato Pandini
Jundiaí, 12 de agosto de 2023.
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